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Nada nos aprisiona mais do que o tempo. Estou a falar de clausura que não implica barras físicas. Na nossa vida, comum dos mortais, termos de funcionar entre barreiras temporais é uma autêntica prisão. Sabes que, entre as 9h00 e as 18h00, estás ali "presa", no caso, no local de trabalho. Sabes que, entre setembro e julho, estás obrigada àquela mesma rotina: levantar, despachar, trabalhar, regressar, levantar, despachar, trabalhar, regressar...
É claro que todos temos de trabalhar. Mas este formato corroi a expressão máxima do ser humano, que será ser livre.
Ainda bem que a Internet nos trouxe liberdade. Liberdade de movimentos, de espaço, de tempo. É verdade. Ainda vai demorar uns aninhos para a ideia de "inculturar", mas o caminho será por aí. Acredito que evoluímos como seres humanos para o lado positivo (apesar de a insanidade pairar por aí e sempre pairará). Mas no coletivo tentamos ser uma sociedade cada vez melhor. E ser uma melhor sociedade significa que o ser humano poderá ter realmente mãos na sua própria vida.
Do meu lado, eu tomo conta da minha vida (dentro do possível).
Ouvir um político a discursar faz-nos saltar da cadeira. Não estou a falar das ideias por vezes abomináveis que nos poderão pregar grandes sustos, mas sim do caminhar emocional e em crescendo do seu tom de voz que termina num retumbante apogeu e climáxico "aahhhhh" (leia-se mensagem política).
Eu acho que eles assim não conseguem o que pretendem. Ou seja, querem que nós acompanhemos as ideias que vão sendo cada vez melhores, cada vez mais extasiantes, cada vez mais enebrianTES ATÉ AO CLIMÁX QUE É A GRANDE MENSAGEM QUE QUEREM PASSAR... mas entretanto nós já nos perdemos naquele enebriar de discurso e e estamos a observar tudo nele, menos as ideias: onde ele tem as mãos? Será que ele agora fecha os olhos? Será que faz uma careta? Será que puxa de um cigarro ali mesmo, no púlpito? Ahhhhhhhh...
Não resisto a dizer que quem melhor faz estes discursos é o António José Seguro. E o Valentim Loureiro, lembram-se? Que cavalgada das valquírias os seus discursos. Danados!!!!
Diversidade!
Eu gosto de tudo muito arrumadinho: casa arrumada, vida organizada, objetivos mais ou menos traçados. Dá-me uma sensação de controlo sobre as coisas (mentira, claro). Ou seja, entre estes dois conceitos pareceria que iria optar pela harmonização, onde tudo é monocromático, não há surpresas e sabe-se o que se vai ver alémmmm da linha do infinito.
Errado.
A diversisade é o que dá cor à vida. Todos comermos o mesmo, aqui, nos EUA ou em Singapura; todos vestirmos Zara, H&M ou Chanel, YSL ou Gucci; todos conhecermos os mesmo filmes produzidos em Hollywwod; ouvirmos Rhianna, Lady Gaga ou Jennifer Lopez; termos VW, Audi ou Renault; e por aí, por aí, por aí... torna o ser humano mais pobre.
O mundo está a tornar-se monocromático nas suas várias valências. Somos todos iguais. E depois, por termos uma natureza amedrontada perante a vida, olhamos para os outros com a perspetiva de "A galinha da vizinha é melhor que a minha" e queremos ser mais iguais ainda. O outro já tem um iPhone5 - ai que dentro de pouco tempo já vem aí o S - ganha mais, tem novo carro, olha emigrou e está afinal muita bem, and so on... E este estado de espírito leva-nos, cada vez mais, a querermo-nos parecer com os outros. Porque todos procuramos a simbiose social, a aceitação, fazer parte do grupo. É que sair da manada leva à descriminação, em certas espécies morre-se. É coisa que está cá nos nossos genes.
Curioso, não é? Não bastava já os itens descriminatórios tradicionais (raça, classe social...), agora também se é descriminado por estar fora da globalização.